O comeback há muito que tinha sido anunciado através de um calendário peculiar feito pela BigHit Entertainment, pelo que ARMYs de todo o mundo esperavam ansiosamente o dia 17 de Janeiro, dia no qual estava marcado o lançamento do primeiro single do novo álbum do grupo sul-coreano, "Map Of The Soul: 7". A curiosidade e a ansiedade misturaram-se em várias línguas por todo o Twitter, tal era a vontade de descobrir de que se trataria o novo single, que tipo de som teria, que temática abordaria. Apesar de uma reviravolta com o horário (uma vez que o fandom está habituado a que os lançamentos sejam feitos à meia-noite da Coreia do Sul), eis que o novo single de "7" chega!
"Black Swan" foi o nome atribuído ao novo single que, numa lufada de ar fresco, veio acompanhado de um filme artístico cuja performance foi responsabilidade da MN Dance Company, uma companhia de dança eslovena cujo lema de trabalho é quebrar barreiras na dança e envolver tipos de dança inovadores e incluir várias faixas etárias, criando uma forma de expressão própria. E o resultado não poderia ter sido melhor! No vídeo, começamos por ouvir um instrumental melancólico, com um toque de "orquestra" assim que se começam a ouvir as notas de violinos. A assombrosa dança interpretativa dos bailarinos da MN Dance Company remete-nos para um ambiente claustrofóbico e pesado, dando corpo à letra de "Black Swan" que foi baseada na célebre frase da famosa coreógrafa, Martha Graham: "Um bailarino morre duas vezes; a primeira, quando para de dançar e esta morte é a mais dolorosa". Em "Black Swan", os sete rapazes falam do perigo que é deixar de sentir paixão por aquilo que se gosta de fazer ("The heart no longer races/When hearing the music play"), pela sua arte, derivada da pressão que é o mundo artístico e daquilo que se espera deles. Isto, pode fazer com que o artista perca o foco e se esqueça daquilo que sempre gostou de fazer ("Do your thang with me now/What's my thang tell me now") e que perca a sua essência pelo caminho ("Yeah I think I'm goin' deeper/I keep losing focus"). A música parece ser uma chamada de atenção para a pressão que a fama e a indústria da música exerce sobre os artistas, o que, muitas vezes, leva a maior parte deles a perder-se.
A versão do filme artístico levou bastantes críticas por parte do público em geral, nomeadamente na utilização do auto-tune. Contrariamente ao que muitos acreditam, o auto-tune não é uma ferramenta negativa, cujo único objetivo é tentar melhorar a voz dos artistas, mas é, sim, um efeito grandemente utilizado e popularizado por grandes artistas do nosso tempo. No caso de "Black Swan", a utilização do auto-tune não pretendeu "melhorar" as vozes dos membros do grupo (uma vez que já foi provado centenas de vezes que eles não padecem de dotes vocais), mas sim distorcê-las para dar um efeito de vozes processadas e sobrepostas que contrastam com as notas clássicas dos violinos e criam um efeito desconcertante e frustrante para o ouvinte, da mesma forma que os artistas demonstraram ansiedade e medo na forma como as notas foram cantadas. O próprio CEO da BigHit Entertainment avisou que a forma de divulgação do novo single estava feita da maneira que estava porque se pretendia retirar algumas emoções do público e que havia certos detalhes que os ouvintes teriam de entender. Já a versão do Spotify dispensa os violinos e a intensidade melódica presentes na versão do filme artístico, tornando "Black Swan" um bocado mais melódica.
Numa opinião mais pessoal, também nós fizemos uma reflexão sobre o título "Black Swan" e o conceito do mapa da alma de Carl Jung e a intro que saiu poucos dias antes, intitulada "Interule: Shadow" (protagonizada por Suga). Na história do Lago dos Cisnes, o Cisne Negro (black swan) representa metaforicamente o “eu” mais negativo, a natureza mais obscura, os pensamentos mais negros. No filme “Black Swan", é retratada a pressão que a indústria exerce nas bailarinas e naquilo que se espera delas e em como muitas vezes acabam por se “destruir” física e psicologicamente. Ora, na letra de "Black Swan", temos um narrador que se sente “perdido”, como se estivesse preso num trance, como se se estivesse a afundar cada vez mais fundo. O narrador refere que, mesmo que ondas de escuridão passem por ele, ele não se vai deixar levar por elas. Isto interliga-se ao significado do “Interlude: Shadow”, onde Suga explica a pressão da fama e de se estar no topo. Explica como não consegue separar-se da sua sombra apesar desta às vezes se assemelhar a um "monstro" e que ambos são a mesma pessoa.
A viagem pelo conceito do mapa da alma de Carl Jung continua no álbum "Map of the Soul: 7", com lançamento previsto para dia 21 de Fevereiro. Os BTS viajaram este fim-de-semana para os Estados Unidos da América, uma vez que vão apresentar ao vivo pela primeira vez a música "Black Swan" no programa The Late Late Show com James Corden, no dia 28 de Janeiro.
"Black Swan" alcançou o primeiro lugar no iTunes de 94 países, incluindo Portugal.
Comments